11 de fev. de 2010

Arruda, corrupção e política brasileira: ¿ que hacer?

Em carta aos "amigos do GDF", Arruda lembra mensalão e saída de Collor

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da Folha Online

Após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decretar sua prisão preventiva por tentativa de suborno, o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) escreveu uma carta, de próprio punho, endereçada aos "amigos do GDF" (Governo do Distrito Federal). Segundo a assessoria de Arruda, o documento é destinado aos servidores e aos amigos pessoais do governador.


Em  carta a amigos do GDF, Arruda se diz vítima de campanha difamatória
Em carta a amigos do GDF, Arruda se diz vítima de campanha difamatória

No documento, o governador diz que é vítima de uma "campanha difamatória" que atinge "níveis jamais vistos na vida pública brasileira" e lembra nos "momentos mais graves" da política, como o "mensalão do PT" ou o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, atual senador pelo PTB de Alagoas, "não se viu medidas judiciais coercitivas dessa gravidade".

"Com muita fé em Deus, vou manter o equilíbrio e a serenidade para contribuir não apenas com a total elucidação dos fatos presentes mas também com uma mudança na legislação eleitoral e político brasileira, que dá aos vândalos os métodos próprios de sucessivas eleições e aos ingênuos as penas máximas da visão que impera, onde o importante não é seguir a lei, mas saber ludibriá-la", diz o governador na carta.

Segundo Arruda, as denúncias não atingem somente a ele, como governador eleito pelo povo, mas todo o GDF e Brasília. O governador também justifica seu pedido de licença e pede para darem seguimento aos projetos.

"Pedi licença do cargo que exerço para que, com o vice-governador Paulo Octávio, vocês possam dar seguimento a todas as obras e a todos os projetos que vínhamos executando", afirma.

Prisão

Arruda foi preso nesta quinta-feira por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). além do governador, outras cinco pessoas envolvidas na tentativa de suborno do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, também tiveram a prisão decretada. O tribunal decidiu ainda pelo afastamento de Arruda do governo do DF.

O ministro Fernando Gonçalves aceitou pedido da subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a Corte do tribunal foi convocada para analisar a decisão de Gonçalves, relator do inquérito que investiga o suposto esquema de corrupção no GDF (Governo do Distrito Federal).

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra o governador e mais cinco pessoas por formação de quadrilha e corrupção de testemunha.

Intervenção

Após a prisão de Arruda, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ingressou no STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de intervenção federal no Distrito Federal. Gurgel disse que o pedido se justifica porque há no governo do DF uma "verdadeira organização criminosa" comandada pelo governador.

O procurador também usou como argumento para pedir a intervenção a falta de "condições mínimas" da Câmara Legislativa do DF tomar medida semelhante.

"Há uma organização encastelada no governo, com indícios de um esquema criminoso de apropriação de recursos públicos, inclusive com parlamentares envolvidos. O governador tem demonstrado que o andamento das investigações não tem impedido ele de continuar a atuar criminosamente, atuando para coagir testemunhas, apagar vestígios", disse o procurador-geral.

O advogado Nélio Machado, que defende Arruda, disse que desconhecia o pedido de intervenção, mas criticou a medida. "Acho que elegeram esse caso como exemplar e, com isso, se atropelam garantias fundamentais", afirmou.




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