24 de set. de 2011
Charles Dickens 200th anniversary
Em minha graduação realizei uma pesquisa sobre duas obras de C. Dickens: Hard Times e Oliver Twist. Além delas, vale a pena ler outras, especialmente Great Expectations e A Tale of Two Cities.
Há um movimento internacional para a comemoração do "aniversário".
Visitem o site: http://www.dickens2012.org/
21 de set. de 2011
Merece reflexão (ou não?)
9 de set. de 2011
Minha versão da história: 11 de setembro.
Muitos historiadores falam de "consciência histórica". E em 2001 a minha era relativamente estranha, pois ao ver imagens como as do vídeo abaixo
pensei que estávamos a beira de algum conflito mundial não esperado. Mas após uma década do ataque, o que mudou? Talvez seja essa a pergunta que as pessoas estejam fazendo, debatendo, respondendo. Para além das obviedades como o aperfeiçoamento na segurança pública, no monitoramentos aéreos... penso em algo que esteja mais, digamos, implícito a isso.
Defendo que observamos a partir de 2001 em diante a criação de um mito. Claro, um mito às avessas. Defendo isso porque é partir desse fato, daquele instante, o mundo oriental-islâmico catalisou as interpretações mais equivocadas sobre sua cultura, sociedade e claro, religiosidade. E a partir disso, passamos a explicar o comportamento daquelas pessoas.
Pensadores como Edward Said já haviam atentado para o processo décadas antes. E esses argumentos provam-se cada vez mais atuais, pois é contra os muçulmanos que são atiradas pedras de terroristas, fundamentalistas, enfim... generalizações que não fazem sentido. Não chegam a explicar. Muito menos a compreender sua cultura.
A criação da falácia "sou muçulmano, sou terrorista" foi em grande medida feita pelo ocidente e chamo atenção para isso. Esse é o exercício de reflexão que devemos realizar.
O que podemos fazer?
Repensar esse "mito invertido" , dissolvê-lo. Mais do que nunca essa é a ocasião para sermos iconoclastas.
Recomendo:
SAID, Edward. Cultura e Imperialismo. SP: Cia das Letras, 1999.
__________. Orientalismo. SP: Cia das Letras, 2010.
HOBSBAWM, E.; RANGER, T. (orgs.) A invenção das tradições. SP: Paz e Terra, 1998.
7 de set. de 2011
Da Revista Cult
Saqueadores, uni-vos!
Filósofo Slavoj Zizek defende que os tumultos ocorridos em Londres mostram a força da ideologia do consumo
Publicado em 02 de setembro de 2011
A repetição, diz Hegel, desempenha um papel crucial na história: quando algo acontece uma vez apenas, pode ser visto como simples acidente, algo que poderia ter sido evitado se a situação tivesse sido tratada de outra maneira; mas, quando o mesmo fato se repete, é sinal de que um processo histórico mais profundo está em ação.
Quando Napoleão foi derrotado em Leipzig, em 1813, pareceu que tinha sido azar; quando ele voltou a ser derrotado em Waterloo, ficou claro que seu tempo acabara.
A mesma coisa aplica-se à crise financeira contínua. Em setembro de 2008, foi descrita como uma anomalia que poderia ser corrigida com uma melhor regulamentação etc.; agora, o acúmulo de sinais de um derretimento financeiro repetido deixa claro que estamos diante de um fenômeno estrutural.
Embora os recentes tumultos no Reino Unido tenham sido desencadeados pela morte em circunstâncias suspeitas de Mark Duggan, todo mundo concorda que eles exprimem um mal-estar mais profundo – mas de que tipo?
Como no caso dos incêndios de carros na periferia de Paris em 2005, os saqueadores no Reino Unido não tinham mensagem clara a transmitir.
É por isso que é difícil conceber os participantes nos tumultos no Reino Unido em termos marxistas, como, por exemplo, a emergência do sujeito revolucionário; eles cabem muito melhor na noção hegeliana da “turba”, os que se situam fora do espaço social organizado, que podem exprimir sua insatisfação apenas por meio de explosões “irracionais” de violência destrutiva – o que Hegel chamou de “negatividade abstrata”.
Nos é dito que a desintegração dos regimes comunistas no início dos anos 1990 assinalou o fim das ideologias. Se o truísmo de que vivemos em uma era pós-ideológica é verdadeiro em qualquer sentido, isso pode ser visto nessa explosão recente de violência. Foi uma ação violenta que não reivindicou nada.
O fato de os manifestantes não terem um programa é, portanto, um fato a ser interpretado em si mesmo: ele nos revela muito sobre nosso dilema ideológico-político e sobre o tipo de sociedade em que vivemos: uma sociedade que celebra a escolha, mas na qual a única alternativa disponível ao consenso democrático é a violência cega.
A oposição ao sistema não pode mais se articular na forma de uma alternativa realista ou mesmo de um projeto utópico – pode apenas assumir a forma de uma explosão destituída de sentido. De que adianta nossa tão celebrada liberdade de escolha quando a única escolha é entre jogar segundo as regras e a violência (auto)destrutiva?
Talvez este seja um dos maiores perigos do capitalismo: embora, pelo fato de ser global, abarque o mundo inteiro, ele sustenta uma constelação ideológica “sem mundo” na qual as pessoas são privadas de suas maneiras de localizar sentido.
Análises erradas
A primeira conclusão a ser tirada da turbulência no Reino Unido, portanto, é que as reações a ela, tanto as conservadoras quanto as liberais, são inadequadas.
A reação conservadora foi previsível: não há justificativa para vandalismo desse tipo; para prevenir outras explosões assim, precisamos não de mais tolerância e ajuda social, mas de mais disciplina, trabalho árduo e senso de responsabilidade.
O que está errado nesse relato não é apenas que ele ignora a situação social desesperadora que empurra os jovens a lançar-se em explosões violentas, mas que ignora o modo como essas explosões ecoam as premissas ocultas da própria ideologia conservadora.
Pois o que vimos nas ruas britânicas durante os tumultos não foram homens reduzidos a “bestas”, mas à forma despida, fundamental, da “besta” produzida pela própria ideologia capitalista.
Enquanto isso, os liberais de esquerda, previsivelmente, se apegaram a seu mantra sobre o descaso em que caíram os programas sociais e iniciativas de integração: explosões de violência são os únicos meios que possuem para articular sua insatisfação.
Mas o problema desse relato é que ele apresenta apenas as condições objetivas para os tumultos. Provocar um tumulto é fazer uma afirmação subjetiva, declarar implicitamente como a pessoa se relaciona com suas condições objetivas.
Vivemos em tempos cínicos. É fácil imaginar um manifestante que, flagrado saqueando e queimando uma loja e pressionado para que explique suas razões, responda na linguagem empregada por assistentes sociais e sociólogos, citando a mobilidade social menor, a insegurança crescente, a desintegração da autoridade paterna e a falta de amor materno em sua primeira infância.
Ele sabe o que está fazendo, portanto, mas o faz mesmo assim.
Mas não faz sentido ponderar qual dessas duas reações, conservadora ou liberal, é a pior. Também aqui devemos rejeitar a exigência de que tomemos partido. A verdade é que o conflito foi entre dois polos de desprivilegiados: aqueles que conseguiram funcionar dentro do sistema versus aqueles que estavam frustrados demais para continuar tentando.
Assim, a violência dos saqueadores foi dirigida quase exclusivamente contra suas próprias comunidades. Os carros incendiados e as lojas saqueadas não estavam em bairros ricos, mas nos bairros dos próprios saqueadores.
[O sociólogo polonês] Zygmunt Bauman caracterizou os tumultos como atos de “consumidores deficientes e desqualificados”: mais que tudo, foram uma manifestação de um desejo de consumo concretizado violentamente quando foi incapaz de se realizar da maneira “apropriada”, ou seja, fazendo compras.
Como tais, os tumultos também contêm um momento de protesto genuíno, sob a forma de uma resposta irônica à ideologia do consumo: “Vocês nos mandam consumir e ao mesmo tempo nos privam dos meios de fazê-lo apropriadamente – então estamos aqui, consumindo do jeito que conseguimos!”.
Os tumultos são uma demonstração da força material da ideologia – ou seja, a “sociedade pós-ideológica” talvez seja uma falácia. De um ponto de vista revolucionário, o problema dos tumultos não é a violência em si, mas o fato de a violência não ser verdadeiramente autoassertiva. É raiva e desespero impotentes sob o disfarce de uma exibição de força.
Os tumultos deveriam ser situados em relação a outro tipo de violência que a maioria liberal hoje apreende como uma ameaça a nosso modo de vida: ataques terroristas e explosões suicidas.
Em ambos os casos, a violência e a contraviolência estão presas em um círculo vicioso, cada uma gerando as forças que procura combater. A diferença é que, em contraste com os tumultos no Reino Unido ou em Paris, ataques terroristas são realizados a serviço do sentido absoluto dado pela religião.
Infelizmente, o verão egípcio de 2011 será lembrado como tendo marcado o fim da revolução, um tempo em que seu potencial emancipador foi sufocado. Seus coveiros são o Exército e os islâmicos.
Os contornos do pacto entre o Exército (que era o Exército de Mubarak) e os islâmicos (que foram marginalizados nos primeiros meses do levante, mas agora vêm ganhando terreno) estão cada vez mais claros: os islâmicos vão tolerar os privilégios materiais do Exército e, em contrapartida, vão ganhar hegemonia ideológica.
Os perdedores serão os liberais pró-ocidentais, fracos demais para “promover a democracia”, além dos verdadeiros agentes dos acontecimentos da primavera: a esquerda secular emergente que vem tentando montar uma rede de organizações da sociedade civil, de sindicatos a feministas.
A situação na Grécia parece mais promissora, provavelmente graças à tradição recente de auto-organização progressista (que desapareceu na Espanha após a queda do regime de Franco).
Mesmo lá, porém, o movimento de protesto mostra os limites da auto-organização: os manifestantes sustentam um espaço de liberdade igualitária sem uma autoridade central que a regulamente, um espaço público no qual eles recebem a mesma quantidade de tempo para falar, e assim por diante.
Quando os manifestantes começaram a debater o que fazer a seguir, como avançar além dos meros protestos, o consenso da maioria foi de que era preciso não um novo partido ou uma tentativa direta de tomar o poder do Estado, mas um movimento cuja meta fosse exercer pressão sobre os partidos políticos.
Isso, evidentemente, não é o suficiente para impor uma reorganização da vida social. Para isso é preciso um corpo político forte, capaz de tomar decisões rápidas e implementá-las com a rigidez necessária.
Slavoj Zizek é filósofo esloveno, autor de Em Defesa das Causas Perdidas (Boitempo). A íntegra deste texto saiu no London Review of Books
24 de ago. de 2011
30 de abr. de 2011
Sobre a democracia, da Revista Caros Amigos
Entrevista Noam Chomsky
“O Ocidente fará de tudo para impedir o surgimento de democracias no mundo árabe”
Por Tatiana Merlino
O ataque das potências ocidentais à Líbia de Muammar Kadafi está sendo justificado como uma intervenção humanitária. Afinal, os civis estavam em perigo. Porém, o real motivo da intervenção militar da coalizão formada por Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido não tem nada de boas intenções, acredita o estadunidense Noam Chomsky, um dos mais importantes intelectuais da atualidade. “Não é uma intervenção humanitária. Tudo naquela região tem a ver com petróleo”, afirma, em entrevista exclusiva a Caros Amigos, concedida por telefone.
Chomsky lembra que até poucos dias atrás o ditador era apoiado pelos Estados Unidos e Inglaterra. Kadafi “não é progressista, é um assassino. Mas não é esse o motivo pelo qual se opõem a ele. Há assassinos por toda parte e eles não têm problema com isso, contanto que sigam ordens. Como ele não é confiável, ficariam felizes em se livrar dele.”, analisa.
A postura do ocidente, porém, não é novidade, explica o professor de Linguística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Caso após caso, se há um ditador em apuros, o plano é apoiá-lo até o fim, até que fique impossível sustentá-lo e, em seguida, mudar o discurso e passar a dizer ‘sim, somos contra as ditaduras, adoramos a democracia, sempre lutamos pela liberdade’”. Segundo ele, é o que acontece também no Egito e na Tunísia.
O intelectual afirma que o levante no mundo árabe é o mais significativo de que se lembra, embora acredite que “por enquanto, não deveríamos chamá-lo de revolução”. Na opinião de Chomsky, um dos aspectos mais interessantes das revoltas é sua ligação com as recentes manifestações ocorridas nos Estados Unidos, no estado de Wisconsin, onde milhares de funcionários públicos saíram às ruas para protestar contra projeto de lei que, segundo eles, retira direitos trabalhistas. “Um dos acontecimentos mais impressionantes das últimas semanas foi quando, no final de fevereiro, Kamal Abbas, um dos principais líderes trabalhistas do Egito, mandou uma mensagem de apoio aos trabalhadores do estado de Wisconsin”.
Confira a entrevista a seguir.
Caros Amigos - Qual a sua opinião sobre a intervenção militar na Líbia? Por que os Estados Unidos a atacaram? O que está por trás disso?
Noam Chomsky - Bom, o que está por trás disso é sem dúvida simples. Se você analisar a reação ocidental, incluindo a reação dos Estados Unidos, as várias manifestações, irá perceber que seguem um padrão bastante previsível: se o país possui grandes reservas de petróleo e o ditador é leal ao Ocidente, então pode agir mais livremente. Assim, na Arábia Saudita e no Kuwait houve uma grande demonstração da força militar, tão intensa, que as manifestações mal puderam começar – não que realmente devessem ter começado. Não há problemas quanto a isso, pois os ditadores possuem a maior parte do petróleo e são leais, então essa reação é previsível. Em relação ao Bahrein, o que preocupa, principalmente, é a Arábia Saudita. Teme-se um levante xiita – que são maioria da população – que se estenda ao leste da Arábia Saudita e ao Bahrein, que também tem maioria xiita e possui a maior parte do petróleo. Portanto, nada pode acontecer lá. Quando houve uma tentativa de protesto na Arábia Saudita, a manifestação foi combatida vigorosamente e, os Estados Unidos disseram “tudo bem, sem problemas”.
Em se tratando da Líbia é um pouco diferente. Há abundância de petróleo e o Ocidente apoiou fortemente o ditador. Apoiou há até poucos dias, na verdade. Porém, como não é confiável, ficariam felizes em se livrar dele. Na verdade, o Ocidente tem apoiado abertamente os rebeldes. A intervenção, por exemplo, não é para deter o conflito, é para dar apoio aos rebeldes. E eles são bastante diretos em relação a isso. Para exemplificar, o Ocidente ordenou um cessar-fogo às forças do governo, porém não às forças rebeldes. Se as forças do governo violarem essa resolução, a notícia chegará às primeiras páginas dos jornais. No entanto, as forças rebeldes podem fazê-lo – e farão – e não haverá problema, pois essa intervenção está do lado dos rebeldes. Pode-se argumentar que isso é uma coisa boa ou ruim, mas devemos ver isso com clareza. É, também, digno de nota, o pouco apoio regional que a Líbia teve.
Em relação à implantação da zona de exclusão aérea, o Egito poderia ter feito, a Turquia poderia ter feito. Eles possuem forças militares de grande poder, porém não farão nenhum esforço. O Egito diz “não é da nossa conta” e a Turquia já deixou claro que não quer se envolver e nem mesmo quer que a Otan se envolva [No entanto, um dia depois da realização desta entrevista a Turquia aceitou comandar as operações da Otan na Líbia]. O Ocidente fez um apelo pela autorização da Liga Árabe, mas foi pouco eficiente. O secretáriogeral da Liga Árabe, Amr Moussa, já se afastou, portanto, basicamente, não há nenhum apoio regional. Claro que o sul da África e a União Africana estão presentes... Na verdade é muito difícil conseguir informações, pois ninguém relata o que acontece no terceiro mundo, porém parece que a União Africana tem intenções de organizar um acordo diplomático. Não sei se eles terão sucesso, mas independente do resultado, o Ocidente não quer prestar atenção nisso.
Fica em aberto a questão se deveriam ou não ter feito isso, contudo devemos analisar com os olhos bem abertos. Não é uma intervenção humanitária. Tudo naquela região tem a ver com petróleo. No caso do Egito, que não possui muito petróleo, mas é o país mais importante da região, os Estados Unidos seguiram o plano usual. Caso após caso, como Somoza, Duvalier, Suharto [ex-ditadores da Nicarágua, Haiti e Indonésia, respectivamente] e muitos outros. Se há um ditador em apuros, o plano é apoiá-lo até o fim, até que fique impossível sustentá-lo e, em seguida, mudar o discurso e passar a dizer “sim, somos contra as ditaduras, adoramos a democracia, sempre lutamos pela liberdade”. No final das contas, o ditador é enviado para longe e tenta- se restabelecer a situação original. Isso já aconteceu muitas e muitas vezes e é exatamente o mesmo caso no Egito.
É difícil prever como as coisas irão se desenrolar no Egito, depende da energia e dedicação dos manifestantes. Com os militares ainda no poder, há nomes diferentes, mas o regime é o mesmo. Houve, porém, uma melhora significante: agora a imprensa é livre, o que representa uma grande mudança. Na verdade, grande parte desses protestos foram protestos trabalhistas, o que vêm de anos. O movimento que organizou o protesto na Praça Tahir é formado por jovens experientes. Eles se autodenominam Movimento 6 de Abril, nome que remete ao dia 6 de abril de 2008, quando grandes ações trabalhistas – e de solidariedade – ocorreram no maior complexo industrial do Egito e foram reprimidas pela ditadura. Bom, não prestamos atenção a esse fato no ocidente, mas eles prestaram atenção lá. Como resultado do Movimento 6 de Abril, é provável que o movimento operário ganhe alguns direitos.
Até há relatos de trabalhadores assumindo o controle de fábricas, mas não posso comprovar isso. Algumas mudanças serão feitas no sistema político, mas até onde chegarão, depende da força da oposição. Os militares não desistirão do poder facilmente. O Ocidente não pode permitir a democracia na região por razões bastante simples que não são relatadas. Tudo que você precisa fazer é dar uma olhada nos estudos sobre a opinião pública árabe. Há estudos muito bons de renomados órgãos de pesquisa ocidentais, divulgados por instituições respeitadas, que não são relatados. No entanto, podemos ter certeza que os planejadores sabem dessas pesquisas. O que elas mostram é que se a opinião pública fosse influente na política, o Ocidente estaria totalmente fora de lá. No Egito, por exemplo, 90% das pessoas acreditam que a maior ameaça são os Estados Unidos. 10% acreditam ser o Irã e 80% acreditam que a região estaria melhor se o Irã tivesse armas nucleares. Por toda a região, a imagem é mais ou menos semelhante. Só isso já basta para entendermos que o Ocidente fará de tudo para impedir o surgimento de uma democracia.
* Com tradução de Mariana Abbate
19 de abr. de 2011
Programa na rádio
Quem puder, ouçam o programa espaço cidadão na Rádio Onda Oeste 100,3 no dia 21, às 11:30hs.
O programa é uma iniciativa da FASPI e da Coordenação de Pesquisa Extensão... o link para acompanhar na internet é
http://www.ondaoestefm.com.br/
O tema será sobre o feriado: história do Brasil, inconfidentes e Tiradentes!
Abraço!
18 de mar. de 2011
11 de mar. de 2011
26 de fev. de 2011
PR confirma Tiririca na Comissão de Educação e Cultura da Câmara
da FOLHA DE S. PAULO
O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), confirmou nesta sexta-feira (25) a indicação de Tiririca (SP) para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara, que será instalada na próxima semana.
Em janeiro, o deputado já havia manifestado o desejo de participar da comissão. "Quero trabalhar na área de educação e cultura. É o que o partido também quer", afirmou o humorista em entrevista à Folha.
"Devemos frisar que a Comissão é de Educação e Cultura. Se ficarem falando que é só de educação fica 'diferente', em vista das coisas que andaram falando dele", disse Portela.
Após ser eleito com votação recorde de 1,3 milhão de votos, Tiririca teve que passar por um teste de alfabetização aplicado pela Justiça Eleitoral.
"Ele é um palhaço de grande experiência, com certeza vai contribuir com projetos e com suas propostas na área cultural", completou o líder do PR.
A comissão será presidida pela deputada Fátima Bezerra (PT-RN). Das 32 vagas da comissão, o PR tem direito a duas.
Segundo o partido, Tiririca será apenas membro e não disputará na vaga na direção.
O deputado também será indicado suplente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara.
Desde que assumiu no dia 1º de fevereiro, Tiririca ainda não fez o esperado discurso de estreia.
No entanto, o deputado chamou a atenção durante a votação do salário mínimo.
Segundos depois de dizer que apoiaria o governo e seu partido pelo mínimo de R$ 545, Tiririca votou a favor dos R$ 600, apresentado pelo PSDB.
Questionado, ele disse que tinha votado não. Informado que na listagem oficial da Câmara tinha saído sim, afirmou: "Ih, então eu votei não e saiu sim".
Wilson Dias - 1.fev.2011/Agência Brasil | ||
O PR indicou o deputado Tiririca (SP) como membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara |
11 de fev. de 2011
Hosni Mubarak renuncia após 18 dias de protestos
6 de fev. de 2011
O fracasso das Nações Unidas no Haiti
por Benjamin Fernandez
Os resultados da eleição presidencial haitiana de 28 de novembro de 2010 ainda não são conhecidos. O Conselho Eleitoral provisório decidiu então marcar o segundo turno para 16 de janeiro de 2011, mas o pleito foi adiado novamente sem data definida. Na edição de janeiro, o Le Monde Diplomatique Brasil dedica dois artigos à crise política, humanitária e social que se agravam na ilha (“Eleições sem esperança de renovação”, por Alexander Main, e “Entre Deus e as ONGs”, de Christophe Wargny). Enquanto o número de vítimas da epidemia de cólera aumenta, intensifica-se a cólera da população frente à Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) – acusada de ter acidentalmente introduzido a bactéria na ilha.
Duas investigações epidemiológicas1 internacionais confirmaram que a fonte da epidemia provinha do campo nepalês da Minustah, próximo a Mirebalais, no centro do país. Os resíduos produzidos no campo infectado foram lançados – “em quantidades fenomenais”, segundo o primeiro relatório – em um afluente do Artibonite, o rio mais importante do país.
A epidemia já causou, oficialmente, mais de três mil mortes e afetou mais de 52 mil pessoas. Mas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS)2, o número de casos poderia chegar a 70 mil, com a doença atingindo cerca de 400 mil pessoas ao longo dos próximos 12 meses. As autoridades sanitárias e as organizações não-governamentais (ONG) declaram-se impotentes para conter o contágio.
Essas revelações abalaram a credibilidade da força internacional dirigida pelo Brasil, cuja eficácia já foi posta em questão. Enquanto a incerteza sobre o resultado das urnas e as suspeitas de fraude provoca uma nova onda de violência na capital, Porto Príncipe, e quase um milhão de pessoas continuam vivendo em acampamentos insalubres dominados pelas gangues, a ação da Organização das Nações Unidas (ONU) é vista mais uma vez como um fracasso – fracasso aliás plenamente reconhecido por Ricardo Seitenfus, representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti desde 2008: “O Haiti é a prova do fracasso da ajuda internacional”, afirmou ele em uma entrevista ao jornal suíço Le Tempsde 20 de dezembro. Imediatamente após essas declarações, o alto funcionário foi chamado à sede da organização.
A Minustah é a quinta missão de manutenção da paz organizada pela ONU, que já conta 17 anos de presença no país3. Ela seguiu-se à intervenção estadunidense que derrubou o presidente eleito Jean-Bertrand Aristide: seu mandato de “restauração da democracia” não deixou de suscitar dúvidas entre a população. No lançamento da missão, em junho de 2004, o secretário das Nações Unidas, Kofi Annan, não escondia suas inquietudes: “Desta vez, tratemos de conseguir”, disse.
Mesmo assim são poucos os que ainda reclamam abertamente a saída dos capacetes azuis. Os corpos especiais da ONU representam a frágil, porém derradeira, esperança de segurança em um país devastado e entregue à instabilidade política permanente, um país que já não dispõe de nenhuma estrutura de proteção civil eficaz. Mas eles enfrentam sérias dificuldades de organização: as forças reúnem mais de 7.800 militares, 2.136 policiais (Polícia das Nações Unidas – Unpol) e mais de dois mil civis, originários de não menos que 41 nações (principalmente do Sul), e a coordenação logística revelou-se de uma complexidade insuperável para o comando brasileiro, ainda inexperiente nesse tipo de missão.
Pior: a força multinacional passou por vários escândalos. Dois anos após o início da missão, o chefe da polícia haitiana, Mario Andresol, foi obrigado a reconhecer a ligação das gangues da favela de Cité-Soleil com os serviços de polícia e o contingente de capacetes azuis jordanianos4. Em novembro de 2007, 108 soldados do Sri Lanka foram repatriados por recorrer à prostituição de menores5. No mês seguinte, uma investigação revelou que empregados da ONU eram culpados de má gestão, fraudes e desvios que chegavam a 610 milhões de dólares6. Enfim, a morte do ex-chefe militar da missão, o general brasileiro Urano Bacellar, em seu quarto de hotel em Porto Príncipe, no dia 6 de janeiro de 2006, continua sendo um dos eventos mais problemáticos envolvendo a missão.
Mesmo no quesito segurança, o balanço da Minustah decepciona. Numa situação de guerrilha urbana, nem os caros equipamentos nem as estratégias militares da missão mostraram-se adaptados para enfrentar gangues que circulam e escondem-se tranquilamente nas favelas da capital. As tropas sempre recebem tiros nessas áreas e as réplicas dos capacetes azuis fazem vítimas na população. Aliás, os métodos agressivos da polícia já foram apontados pela Anistia Internacional, que acusa a Minustah de apoiá-los em atos de violação sistemática dos direitos humanos, principalmente nos bairros desfavorecidos7. Em janeiro de 2006, a população ficou consternada depois que os capacetes azuis abriram fogo sobre haitianos que protestavam, na fronteira dominicana, contra a morte de 25 haitianos encontrados asfixiados no país vizinho.
Todas essas muitas questões acenderam a cólera da população haitiana, que vê somar-se a suas provações uma epidemia furiosa. Cansada, ela pergunta quando os soldados irão embora.
A especificidade do contexto político, social, histórico e geográfico faz da Minustah uma missão das mais delicadas; o exército estadunidense sabe muito bem disso, tendo cercado as favelas da capital haitiana na intervenção de 2004 para impedir um levante popular em favor de Aristide, antes de deixar o Brasil encarregar-se de gerir a situação.
É surpreendente que os Estados Unidos tenham aceitado confiar ao Brasil a sequência das operações, no quadro de uma estratégia que eles próprios fixaram. Ainda mais quando Brasília se coloca como grande rival no papel de garantir a estabilidade regional, papel que Washington reserva exclusivamente para si há quase dois séculos8. Há quem avalie que o sucesso da missão é um objetivo secundário... e que a Casa Branca não ficaria chateada em ver seu “parceiro” brasileiro engolido pelo caos haitiano que o gigante do Norte deixou instalar-se.
Embora os dois países exibam uma aliança perfeita, a tomada da direção das operações realizou-se em um contexto de desconfiança recíproca, identificada nas comunicações diplomáticas reveladas pelo WikiLeaks: “O Brasil não deve ser considerado como estando do nosso lado”, resume uma carta diplomática estadunidense9.
Para o Brasil, é uma questão de porte. O país tem intenção de se afirmar como um ator incontornável no cenário internacional, não apenas no plano econômico, mas também diplomático, militar e humanitário. Seu objetivo? Colocar-se como o mais sério candidato do subcontinente americano ao assento permanente no Conselho de Segurança ampliado da ONU.
Nessas condições, o Haiti – laboratório do “humanitarismo” contemporâneo e objeto de todos cálculos diplomáticos – é dilacerado por questões que vão muito além dele e contrariam seus próprios interesses. “No cenário internacional, o Haiti paga essencialmente sua grande proximidade com os Estados Unidos”, avalia Seitenfus, que não para por aí: “Querem fazer do Haiti um país capitalista, uma plataforma de exportação para o mercado norte-americano, o que é absurdo. (…) Não se resolve nada, agrava-se a situação.” E o representante lança este apelo à comunidade internacional: “Chega de brincar com o Haiti.”
28 de jan. de 2011
Indicação de leitura: Caim, de José Saramago.
Boa leitura a todos. Vale como um complemento ao Evangelho segundo jesus cristo, que por sinal é excelente.
Aí vai um trecho:
Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que a adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de rugidos e mugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias-medidas, enfiou-lhes a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer coisa no género amo-te, eva.
26 de jan. de 2011
Essa não!
Duas tetranetas de Tiradentes também vão pedir pensão
RODRIGO VIZEUDE SÃO PAULO, Da FOLHA DE S. PAULO
Mais de 200 anos após a morte de Tiradentes, duas tetranetas do mártir da Inconfidência pretendem reivindicar uma pensão especial do governo que uma irmã delas já recebe. Nascidas no Rio, as irmãs moram em Brasília.
Carolina Menezes Ferreira, 67, disse à Folha que o direito à pensão existe porque a ascendência está provada por documentos. Ela afirma que o processo só não começou ainda por falta de tempo. "A gente sabe que, se entrar, é tranquilo que ganha", diz.
Carolina fará o pedido com a irmã Belita Menezes Benther, 71, que ganha pensão do governo do Distrito Federal pela morte do marido.
As duas querem o mesmo benefício que a caçula Lúcia de Oliveira Menezes, 65, recebe graças a uma lei proposta no governo do presidente Itamar Franco (1992-1994) e sancionada em 1996, já no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A lei é específica para Lúcia e garante a ela "pensão especial mensal, individual, no valor de R$ 200, reajustável". O valor equivalia a dois salários mínimos na época.
PENSÃO
Lúcia afirma, porém, que só começou a receber a pensão em 2008, após vencer uma batalha judicial no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
O órgão argumentava que ela já recebia uma pensão pela morte do pai. Lúcia reclama também que o valor do benefício nunca foi reajustado e que hoje recebe R$ 215. "É um absurdo, eu ainda estou brigando", conta.
Corrigidos pela inflação, os R$ 200 estabelecidos na lei de 1996 equivaleriam atualmente a R$ 727.
Ela diz que um processo para aumentar o que chama de "pensãozinha" corre na Justiça Federal. "Foi bom você ligar, porque assim o Brasil fica sabendo que a gente tem que batalhar muito", afirmou ela.
O Ministério da Fazenda, que segundo a lei supervisiona o benefício de Lúcia, disse que não conseguiria confirmar ontem o valor recebido por Lúcia e desde quando ela recebe os recursos.
ASCENDÊNCIA
Lúcia diz que começou a reivindicar o pagamento dessa pensão em 1976.
Carolina, a irmã que ainda não recebe pensão, afirma que sempre ouviu do pai que eles descendiam do alferes Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792). "Eu falava para os meus coleguinhas [de escola] e eles morriam de rir", conta. Casada, ela diz "nunca" ter trabalhado na vida.
Tiradentes foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, após ter assumido toda a responsabilidade pelo movimento inconfidente --que lutava contra o domínio português. Após o enforcamento, o corpo foi esquartejado. Os demais envolvidos no movimento foram degredados.